Político é bicho engraçado

O político é bicho engraçado. Não costuma guardar rancor. O inimigo do passado vira amigo do peito num piscar de olhos. O adversário histórico vira aliado para a próxima eleição. As mágoas são deixadas para trás. Só interessa o futuro.

Que bom! Acho correto.

Já foi o tempo do radicalismo. Afinal, estamos num mundo globalizado, de comunicação veloz, de tempo ágil. O passado pode não estar tão distante. E, sim, num minuto. No minuto, tudo muda.

Amanheci refletindo essas coisas (bobagens, talvez) quando me deparei com o noticiário político desta manhã sobre as filiações partidárias. O prazo está acabando. Termina sábado, dia 3.

Até lá, os políticos que almejam disputar cargo eletivo - seja no parlamento ou no executivo - terão de estar abrigados em alguma das 27 legendas do país. Nos últimos dias, tem ocorrido um verdadeiro troca-troca.

Li no Nominuto que a Gesane Marinho, finalmente, pegou as malas e deixou o PDT. Assinou ficha de filiação ao PMN do deputado Robinson Faria.

Engraçado. Em passado recente, Gesane - que está no segundo mandato de deputada estadual - era uma das principais concorrentes do deputado Robinson na região Agreste. A disputa era acirrada e Gesane caçava votos em terras das bases do presidente da Assembleia.

Mas Robinson é candidato a um cargo majoritário! Ah, então não há nenhum inconveniente em acolher a discreta parlamentar agresteira, há muito tempo de mal com a vida no PDT.

Li também que o deputado Luiz Almir assinou ficha de filiação ao Partido Verde depois que foi alforriado pela turma do PSDB. Do antigo, viu? Porque foi Geraldo Melo, senhor de engenho, que libertou o deputado-seresteiro.

Engraçado. Luiz Almir, dono de um estilo único de apelidar adversários, não poupava Micarla, dona do PV, na disputa à Prefeitura de Natal em 2004. Numa entrevista a mim, Luiz Almir fazia graça com a pequena estatura da Borboleta, hoje prefeita. Quatro anos depois, Luiz Almir desempenhava o papel de cabo eleitoral de Micarla na Zona Norte de Natal mesmo estando no PSDB.

Li também que o ex-senador Fernando Bezerra filiou-se ao PMDB. Havia a possibilidade de o empresário ingressar no PP, PCdoB ou PSB. Mas resolveu voltar a uma velha casa conhecida, o PMDB.

Engraçado. O PMDB foi o grande algoz de Fernando Bezerra na briga renhida pelo governo em 2002. Naquela ocasião, comentava-se que gente do PMDB, ligada a Henrique Eduardo e a Garibaldi Filho, teria "vazado" na imprensa nacional o escândalo da Metasa, que tanto custou ao então senador e ministro Fernando Bezerra.

Mas a política é assim mesmo. Muda como a nuvem para alguns. Segue ao sabor do vento para outros. Transmuta-se para aqueles que não guardam mágoas.

A política é engraçada. E os políticos são engraçados também.
Fonte: Blog do Diógenes
Adendo: O recente pacto entre Luizinho e o blogueiro, não é uma mera coincidência dos fatos apresentados acima, são reflexos reais de um processo em vigor.