segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Unida, oposição afirma que vencerá eleições e governará o Brasil





Estaremos juntos, ganharemos as eleições e governaremos o Brasil. A frase foi repetida nos discursos dos dois prováveis candidatos a presidente na abertura do XVI Congresso Nacional do PPS na noite desta sexta-feira no Rio. José Serra, governador de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, insistiram na necessidade da união e da apresentação de um programa para realizar as mudanças de que o país precisa. Defenderam políticas públicas eficazes e gestão de qualidade em vez de apenas programas assistencialistas.

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Parar de comemorar cada milhão de famílias que entram no programa Bolsa Família, capacitar aquele que recebe o benefício e passar a comemorar cada milhão de famílias que deixam de necessitar dele, apontou Aécio. Roberto Freire, presidente nacional do partido, completou no final: “Não devemos ter medo e cair no oportunismo eleitoreiro; se assim o fizéssemos, não teríamos derrotado os coronéis do Nordeste”.

Lula
Sem se referir nominalmente a Lula, mas criticando o fisiologismo político e à cooptação de partidos feita pelo governo Lula, o governador José Serra disse que "o político brasileiro é hoje o artigo mais barato que tem no mercado, porque se vende por qualquer preço". E acaba sendo, ao mesmo tempo, o mais caro, porque, com o aparelhamento do Estado, das agências reguladoras, quem paga a conta é o contribuinte.

Fernando Gabeira propôs: “Vamos ganhar a eleição sem os fisiológicos; é possível vencer sem os acordos espúrios”. Lotado com cerca de 800 pessoas, o auditório aplaudiu com entusiasmo os oradores, num gesto de participação nos discursos. Foi uma festa, uma noite importante, na qual o ex-presidente Itamar Franco aposta que a oposição encontrou seu norte, seu rumo. Aécio fez uma reverência ao ex-presidente. Serra também. Bem humorado, ele brincou com o conterrâneo: “Olha, governador Aécio, eu estou recebendo tantos elogios de Serra que estou ficando preocupado. Ainda bem que entre eu e o governador Serra está (sentado) o meu governador (de Minas)”.

Em casa
Depois de um discurso empolgado de Aécio, Serra mostrou que estava em casa no PPS, que conhecia os velhos militantes do PCB pelo nome e pela história. “O Milton (Coelho da Graça) é um excelente frasista, Aécio; se você for o candidato, é bom ter ele por perto para fazer as frases boas para a hora certa”, disse, brincando. Avesso a fazer comentários sobre a candidatura do PSDB em entrevistas, Serra não demonstrava a mesma performance que o colega, que vem fazendo viagens pelo Brasil com vistas a 2010. Preferiu avaliações profundas da situação nacional.

“A economia brasileira caminha a passos largos para o modelo primário-exportador. Isso não vai nos levar ao desenvolvimento, nos possibilitar criar 9 milhões de empregos. O Brasil não pode renunciar a ser um país industrial”, advertiu. Chamou o PAC de “lista de obras”, executadas por estados e municípios. “No ano passado o governo só executou 22% previsto e 78% desse total foram feitos por estados e municípios, que não têm dinheiro". Sobre o PPS, disse que é um partido politizado. “Por incrível que pareça, no Brasil, está cheio de partidos despolitizados”, afirmou.

Aécio

O encontro das forças políticas da oposição, disse Aécio, são uma demonstração do “compromisso claro com a ética e a gestão pública de qualidade, com o desenvolvimento regional”. O governador mineiro defendeu a refundação da federação, que está aniquilada, segundo ele. Comparou o percentual que a União abocanha dos impostos que deve repartir com os estados. “Na Constituinte eram 10% do IPI e Imposto de Renda; agora são 120%”. Para ele, não discutir a refundação da federação é desconsiderar a raiz dos problemas nacionais.

A agenda do Brasil, como chama o programa de governo necessário para o país, tem também temas como sustentabilidade. "Vamos democratizar a construção do nosso projeto", concluiu. Roberto Freire disse, ao final, que as propostas dos dois governadores ajudaram enormemente o congresso do PPS, que vai discutir a realidade brasileira e a perspectiva de futuro.

“O PCB/PPS é fruto de um longo debate do que é ser de esquerda – questão levantada por Serra em seu discurso –, e de diversas autocríticas, no intuito de fazer uma proposta generosa de mudar o mundo”, disse Freire. O presidente disse também que “depois de uma longa caminhada e de ser um pequeno partido, deixamos de ser um partido pequeno; estamos aqui para pensar num Brasil grande”.

Freire lembrou ainda a tradição do PCB na formação de quadros políticos e a proximidade de Serra, desde a juventude, e Aécio do PCB. “Os governadores de São Paulo e de Minas são demonstração de que o Brasil tem quadros capazes de fazer excelentes administrações. O desafio é trazer para esse conjunto de forças a colaboração do velho Partidão, da luta por uma sociedade mais justa e mais igual”.

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