domingo, 23 de agosto de 2009

Considerações sobre a derrocada do PT e suas possibilidades


Passadas algumas horas do ocorrido na sessão do Conselho de Ética (sic) do Senado na tarde de ontem, é necessário começar a avaliar as conseqüências políticas dos gestos de todos os atores daquela ópera bufa.

O grande perdedor do dia foi o Partido dos Trabalhadores, que além de computar a perda numérica de dois senadores, Marina Silva e Flavio Arns, precisará assimilar uma grande derrota política e simbólica.

Os escândalos envolvendo o alto comissariado petista se sucedem desde o começo do governo Lula, com Waldomiro Diniz puxando a fila e o Mensalão como marco referencial, mas ao serem tantos já não causam mais tanto alarde.

Essa nova crise em que o PT se envolveu é de outra natureza e por isso a sua força destrutiva renovada.

Após ser enquadrado por Lula para defender Sarney, o PT estava se esquivando há algum tempo, tentando ludibriar a opinião pública com notas evasivas tiradas de reuniões que nada decidiam.

Mas na reunião de ontem o PT não teve escapatória e precisou assumir frente ao país a sua opção pelo que existe de mais atrasado na política brasileira na vã expectativa de receber o apoio do PMDB para a candidata imposta pelo “dedazo”.

A implementação dessa escolha política nos revela a desistência por parte de Lula e do PT de dialogar de forma qualificada com classes médias urbanas, sua base histórica, optando, portanto, por uma concentração nos bolsões mais carentes e vulneráveis às benesses do estado.

Uma conseqüência desse processo é que os setores médios da sociedade, principalmente aqueles identificados com a esquerda, que ultimamente estiveram polarizados pelo petismo, começam a se deslocar cada vez mais para uma situação de procura de novos referenciais.

A senadora Marina percebeu essa tendência e tenta se credenciar como uma alternativa para liderar esse segmento. Vai reformar o estatuto e o próprio PV, apostando no discurso ecológico que tem um forte apelo.

Nesse contexto, o PPS começa a mexer as suas peças. A ida do Roberto Freire para São Paulo poderá ser de uma importância estratégica que transcende a mera questão de elegê-lo deputado.

Com a derrocada de ícones como Mercadante, Palocci, Marta, e com a saída de Luiz Eduardo Cardoso para ser ministro, o PT em São Paulo estará à mercê das máquinas sindicais e totalmente dependente do governo federal.

Portanto, Roberto Freire em São Paulo estará disputando a autoridade moral do campo que chamamos esquerda, autoridade essa que o PT perdeu.

Para sermos bem sucedidos na ocupação desse espaço ou mesmo de parte dele é preciso manter o nosso posicionamento de partido decente e defensor da Ética, porque essa é a nova identidade do PPS.

* é secretário de comunicação do PPS

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