terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mentiras mostram despreparo da ministra Dilma para governar, afirma Freire

O presidente nacional do PPS, ex-senador Roberto Freire, afirmou, nesta terça-feira (18), que as recorrentes mentiras ditas pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para escapar de situações embaraçosas mostram que ela não está preparada para governar o país.

Ao comentar o depoimento da ex-secretaria da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Freire disse que a candidata do governo à presidência da República não está preparada para exercer nenhum cargo público. “Mais uma vez, vemos Dilma envolvida em escândalos dessa gravidade. Isso demonstra seu total despreparo para exercer a função pública. É uma candidatura com muitas fragilidades”, avaliou.

Para o presidente do PPS, a ministra da Casa Civil mais de uma vez foi 'flagrada' faltando com verdade quando contestada. Freire citou como exemplo das mentiras de Dilma o episódio em que ela foi desmentida por Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Após negar ter atuado no caso da venda da Varig, a ministra acabou sendo desmentida publicamente pela executiva, que afirmou ter sofrido pressão direta da Casa Civil.

Freire citou também as informações falsas acrescentadas ao currículo da ministra postado na internet. Lembrou ainda o caso do dossiê montado para atingir o ex-presidente Fernando Henrique, cuja principal suspeita de chefiar a montagem e o vazamento das informações foi sua chefe de gabinete Erenice Guerra. “Em todos esses casos, ela (Dilma) mentiu sistematicamente”, avaliou o dirigente do PPS.

Depoimento de Lina

Ainda de acordo com Freire, a conclusão que se pode tirar da audiência de Lina é que o governo Lula tem práticas não-republicanas, “atua em benefício dos seus, ao arrepio da lei,da moral e da ética”. A ex-secretária da Receita Federal confirmou no Senado que teve um encontro com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em dezembro do ano passado. Reafirmou ainda que a ministra lhe pediu que "agilizasse" uma fiscalização em uma empresa do filho do presidente do Senado, José Sarney.

Para o presidente do PPS, ficou evidente no depoimento que por trás da interferência da Dilma estava uma “decisão de governo” para que o processo contra o filho de José Sarney - Fernando, flagrado pela Operação Boi Barrica, da Polícia Federal – na Receita Federal fosse resolvido a favor do interesse político do Palácio do Planalto. “Ficou claro que o pedido de Dilma foi indevido, até porque isso não é prática comum autoridade que não seja da área pedir agilidade em processo. A leitura que se faz é de encerramento rápido”, avaliou Freire. Dilma continua negando até o encontro com Lina Vieira.

Mãe-Joana

Roberto Freire afirmou também que não adianta “histerismo” da parte do governo para tentar passar à opinião pública que a ex-chefe da Receita está mentindo. “O palácio não é casa de mãe-joana, que entra quem quer, que as pessoas não sabem quem entrou. Mesmo que a visita não constasse de nenhuma agenda, ninguém entra lá sem ser identificado pela segurança, sem passar por um detector de metal ”, afirmou categórico.

Firmeza

Para Freire, a ex-secretária da Receita Federal demonstrou firmeza durante o depoimento e deu detalhes do encontro, cabendo, agora, a Dilma provar o contrário. “A impressão que temos é de que o que ela (Lina) afirma é verdadeiro. O ônus da prova cabe à candidata palaciana".

Lina Veira informou que entrou pela garagem do Palácio do Planalto e, ao chegar ao quarto andar, passou por várias salas antes de entrar no gabinete de Dilma Rousseff. “O encontro foi rápido não durou dez minutinhos. Ela (Dilma) pediu que agilizasse o processo do filho de Sarney”, revelou, completando que considerou o pedido "incabível".

Lina Vieira confirma encontro com Dilma, mas nega ter sido pressionada


Em seis horas de depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira confirmou nesta terça-feira o encontro sigiloso que disse ter tido com Dilma Rousseff, no qual a ministra da Casa Civil teria pedido que agilizasse as investigações do Fisco sobre empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Dilma diz que o encontro não existiu.

Lina negou, porém, que tivesse se sentido pressionada ou que tivesse interpretado o encontro como uma ingerência indevida da ministra Dilma. Disse ainda que aceita uma acareação com a ministra, como sugere a oposição, mas reafirma não se lembrar da data da reunião, que, segundo ela, não consta em sua agenda e teria ocorrido no fim do ano passado.

"Não preciso de agenda para falar a verdade", disse Lina, um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tê-la desafiado a apresentar sua agenda e provar que se encontrou com Dilma.

A ex-secretária disse que não falou com terceiros sobre o encontro, mas que chegou ao Planalto pela garagem, onde um segurança, em uma mesinha, recolheu seus dados antes de permitir acesso ao elevador ao quarto andar. Ela diz que foi levada a uma sala, onde estavam um homem e uma mulher e, depois, Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, a levou até Dilma. Falaram amenidades e depois teria recebido o pedido da ministra, num período de cerca de dez minutos.

"Estou aqui com minha palavra e temos a palavra da ministra. Eu não estou aqui para dizer mentira", falou.

Lina disse ainda que não se sentiu pressionada com o suposto pedido de Dilma para acelerar e encerrar a investigação.

"A ministra pediu para eu agilizar a fiscalização, eu interpretei que era para encerrar, resolver as pendências, terminar a investigação. Não senti qualquer pressão", declarou.

Questionada por Almeida Lima (PMDB-SE) se havia incorrido em prevaricação ao não comunicar a um superior o pedido de Dilma, Lina respondeu: "não entendo isso porque ao sair de lá fui verificar o pedido da ministra e verifiquei que todos os procedimentos normais já estavam sendo tomados na Receita Federal. Eu sequer dei qualquer retorno à ministra sobre o assunto". Ela ainda acrescentou: "achei que foi um pedido incabível. Não havia necessidade".

Senadores governistas pressionaram por diversas vezes a e-secretária. A senadora Ideli Salvati (PT-SC) acusou Lina de entrar em contradição quando disse ao jornal Folha de São Paulo que entendeu o suposto pedido de Dilma como um sinal para encerrar as investigações contra o filho de Sarney. Ideli ressaltou que durante depoimento desta terça-feira Lina afirmou aos senadores que apenas entendeu como uma solicitação para agilizar trâmites na Receita. Lina rebateu: "Vim aqui trazer as informações a respeito desse assunto. Acho que posso não ter contentado a todos que queriam uma prova material. Não fui, como já disse, procurar a imprensa. Eu apenas confirmei o que a imprensa tinha investigado. O pedido (de Dilma) que foi feito, foi um pedido de agilização. Não menti na Folha nem estou mentindo aqui, como a senhora colocou. Entendi como agilização para encerrar a investigação. Essa foi a minha interpretação. Pode estar errada minha interpretação", concluiu.

O início da sessão da CCJ, que começou às 9h40m, foi marcado por um embate de mais de uma hora entre governistas e oposição. O debate começou quando o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), acusou a oposição de utilizar a comissão para fazer política partidária e romper acordos. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-AP), chegou a preparar um recurso para tentar barrar o depoimento, mas voltou atrás e decidiu não pedir a votação para não passar a impressão de que o governo "teme" Lina.

"O requerimento foi votado em sessão ordinária. A política é assim", rebateu o presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Jucá argumentou que não havia "pertinência entre o requerimento e a temática da CCJ", mas avisou que o governo não pretendia impedir o depoimento da ex-secretária. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) questionou o motivo do temor do governo sobre o depoimento.

"Meu objetivo não é impedir o depoimento da sra. Lina Vieira. O governo não teme e não tem nada a temer" disse Jucá, que completou "O tema não se enquadra nas competências da comissão, que está sendo transformada em tribunal de inquisição ou delegacia de polícia".

Após críticas do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que ironizou as dificuldades políticas de Mercadante e os "abusos" de Jucá, o clima esquentou. E os governistas engrossaram o coro de que "não temem nada" e que a oposição estava atropelando as regras:

O senador Almeida Lima (PMDB-SE) partiu para os gritos ao se sentir provocado pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que criticava a atuação da tropa de choque, à qual batizou de "Fard", Forças Armadas da Dilma, em alusão às Farc ( Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), embarcou na brincadeira e disse que elas são necessárias para combater o "GAS", Grupo de Assalto do Serra. A partir desse momento, Almeida Lima começou a gritar que a oposição são "os trombadinhas do poder".

"Sou tropa de choque sim, mas é uma tropa preparada contra os trombadinhas do poder! Eu não vou aceitar achincalhe, chacota. Sou contra a tropa do golpe. Eu não vou aceitar isso. Tropa de choque já aceitei, para combater os trombadinhas do poder" esbravejou Lima.

Outro assunto que os oposicionistas abordaram durante o depoimento da ex-secretária é a manobra fiscal feita pela Petrobras para pagar menos impostos, o que teria deflagrado uma investigação da Receita Federal e motivado a demissão de Lina Vieira, quando esta cogitou a aplicação de uma multa contra a estatal. A mudança contábil foi um dos argumentos para a criação, no Senado, da CPI da Petrobras.

No início do depoimento, Lina destacou sua trajetória profissional como funcionária pública, disse não guardar mágoas e afirmou não ter questionado os motivos de sua demissão. "Fui exonerada no cargo sem nenhuma mágoa ou ressentimento. (...) Recebi como natural minha exoneração e não questionei o motivo, pois a natureza do cargo de confiança é essa", destacou.

Com informações da Agência Senado e da Agência Brasil.

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