segunda-feira, 1 de agosto de 2011

De olho no mundo


comanda

Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Petróleo, Conab, Exército, Ministério das Cidades, obras da Copa estão sob denúncias de corrupção. Pelo visto, é no mundo todo, como dizia aquela velha piada do sujeito que acordou com o bigode melado de... Deixa pra lá! No meio disso tudo, Lula da Silva tem visitado Antonio Palocci de vez em quando. Em casa.

Cabeças coroadas do PR – partido que prendia e soltava no Ministério dos Transportes – andam conversando com a oposição para encaminhar denúncias contra petistas. Tentam soprar fumaça de vulcão também para as bandas do casal ministerial Paulo Bernardo-Gleisi Hoffmann.

Virou regra: avião caiu, a culpa é dos pilotos. Foi assim com as tragédias da TAM e da Air France. Fácil acusar pessoas mortas, incapazes de se defender. Perguntinha básica: por que as empresas não contratam pilotos “melhores” ou não treinam corretamente os seus? Ora bolas!

Depois do massacre na Noruega, os partidos de extrema direita, atuantes na Áustria, França, Holanda, Hungria, Itália, Suíça e países nórdicos, terão de repensar se vale a pena manter um discurso radical para atrair minorias de jovens destrambelhados capazes de cometer atos insanos. O maluco norueguês foi preso, mas suas ideias movidas por delírios xenófobos andam se espalhando perigosamente.

Por incrível que pareça, comunidades brasileiras em sites de relacionamento homenageiam o norueguês Anders Breivik e Wellington Menezes – aquele que trucidou as crianças numa escola de Realengo, no Rio. Há declarações apavorantes e elogios como “mestre”, “herói”, “nobre guerreiro”, “sancto” (sic) e disparates do gênero.

O governo do estado de Indiana, nos Estados Unidos, desobrigou as escolas a ensinar a escrita cursiva – aquela maravilha em que aprendemos a colar uma letra na outra, formar palavras e descobrir o mundo. A recomendação é incentivar o ensino da escrita com letra de imprensa ou pela digitação nos teclados de computador. Essa orientação deverá ser seguida por outros quarenta estados americanos, que seguem o mesmo currículo, e se espalhar pelo mundo em pouco tempo.

Claro que ninguém deseja retomar a tradição do Egito, que na Antiguidade considerava a escrita algo inventado pelos deuses. Mas é terrível assistir à modernidade tentar desconsiderar a importância da escrita cursiva para o desenvolvimento intelectual das crianças.

Zé Prativai – filósofo amigo da coluna e homem por demais prevenido – já encomendou grande estoque de papel e lápis numa papelaria paulistana. Com aquele ar de superioridade de submarino, ele me disse: “Palmeira, vou ganhar dinheiro quando esses sabidos resolverem voltar a escrever como gente”. Revoltado, nosso filósofo acredita que, porque estão atolados na questão do calote da dívida, os americanos decidiram fazer aquele velho tipo de economia porca. “Daqui a pouco, vão cortar cafezinho e papel higiênico nas repartições”.

Infelizmente, a educação deixou de ser aquela aventura extraordinária que conhecemos há poucas décadas. Hoje, algumas escolas brasileiras de ponta começam a causar danos emocionais aos alunos, em razão do rigor e da competitividade que guiam a grade escolar e as disputas pelos primeiros lugares no mercado.

Em julho, Xuxa foi vista em Nova York batendo pernas e fazendo compras com sua personal stylist – lá em nós, esse palavrão quer dizer pitaqueira do que vestir e pendurar em cima do corpo dos outros. A rainha dos bobinhos empurrava um carrinho de bebê. Dentro, seu cachorrinho de madame. Ai, au!

Pelé partiu para o ataque e começou a criticar a organização da Copa de 14. Dilma Rousseff entrou em campo e saiu para o desarme. Convocou o afrodescendentão para um cargo inventado sob medida para a vaidade infantil de Edson Arantes do Nascimento: embaixador honorário para da Copa. Como já dizia Romário, “Pelé de boca fechada é um poeta” e a presidente sabe disso.

Não há motivo para preocupação com nossa infraestrutura para a Copa. No sorteio dos grupos das eliminatórias, fecharam o aeroporto Santos Dumont, no Rio. A explicação oficial: evitar que o barulho dos aviões atrapalhasse o som da transmissão do evento para 207 países. Quem quiser que acredite.

Os pirangueiros estão inconsoláveis: a FIFA já decretou que não há a menor chance de meia-entrada na Copa. Isso é negócio só para quem tem dinheiro, ora bolas! E o velho PC do B, que adora meia-entrada e controla as liberações relacionadas com os estudantes, já disse amém para a velha senhora dona da bola.

Maradona está feito siri na lata. Depois de tirar chinfra de melhor jogador do mundo, a verdade surgiu em forma de goleada. Com votos de 327.496 pessoas de 72 países, Pelé, Lionel Messi e Hugo Sánchez foram eleitos Patrimônio Esportivo Histórico da Humanidade. Na própria Argentina, Dieguito perdeu de lavada para o menino de ouro do Barcelona. Pelé já tinha sido eleito Atleta do Século. Maradona devia ter se acostumado à realidade de ser apenas tão bom quanto o nosso Rivelino velho de guerra. E ponto.

Para quem tem certeza de que os tablets vão liquidar os jornais impressos: no primeiro semestre de 2011, aumentou 4,2% a circulação dos jornais impressos brasileiros. A Folha de S.Paulo continua na liderança, com média diária de 305,5 mil exemplares vendidos. E o inglês Financial Times estuda imprimir uma edição brasileira. Diária.

Para quem tem certeza de que os tablets vão liquidar os livros: censo feito com 500 editoras apurou que o mercado brasileiro de livros tem faturamento anual de R$ 4 bilhões, 30% maior do que se imaginava. Enquanto isso, Zé Prativai continua querendo saber “para que serve, de verdade, o tal do iPéde“– como ele chama a engenhoca da Apple.

O governo federal não para de cacarejar que viramos uma potência mundial. É fato: o Brasil está bem na foto internacional mesmo. Em 2010, nossa nacionalidade foi a mais rejeitada nos aeroportos da Europa. A gente até perde uma Copa América aqui e acolá, chutando pênaltis para a lua. Mas ganha o campeonato de deportação europeia, o que não é para qualquer um.

O governo da Bahia e a prefeitura de Salvador estão no ringue, disputando obras de R$ 3 bilhões para o novo sistema de transporte da capital. O governador Jaques Wagner defende a retomada do metrô, cujas obras sem fim parecem iniciadas nos tempos de Tomé de Souza. O prefeito João Henrique, cheio de palavras difíceis, prefere o Bus Rapid Transit, projeto de Jaime Lerner – que desaprendeu português para dizer simplesmente Trânsito Rápido de Ônibus. No meio dessa papagaiada, os soteropolitanos continuam espremidos em latas de sardinha para se deslocar pela cidade.

O Brasil deverá assinar nos próximos dias um acordo bastante ousado com a Colômbia. Permitirá às forças policiais dos dois países entrarem no território alheio, em operações terrestres e aéreas numa área de 150 quilômetros na faixa de fronteira, para caçar seus traficantes, contrabandistas e outros exemplares da espécie “gente fina”.

É interessante ver a demagogia cobrar caro de um demagogo. Hugo Chávez está pagando com o risco da própria vida o fato de ter engrossado, anos a fio, a baboseira falaciosa dos perfeitos idiotas latino-americanos a respeito das falsas maravilhas de Cuba, um dos lugares mais miseráveis e degradantes do mundo. No momento em que o câncer lhe corrói as entranhas, não pode vir se tratar no Brasil porque o velho ditador Fidel Castro saltou de tempo, exigindo a presença do maluquete venezuelano na Ilha. Tudo para manter a fantasia da perfeição da medicina cubana. Boca falou...

Amparados pela lei que admite a adoção do nome social dos travestis, Rogéria e Jane Di Castro rasgaram suas carteiras de identidade num show, no Rio. Com isso, mataram seus anciãos masculinos Astolfo e Luiz. O tipo de exibicionismo que só prejudica o movimento pelos direitos dos gays e essa legítima conquista de cidadania, agora reconhecida legalmente. Rasgar sutiã em praça pública é coisa dos anos 60, né não?

Recado claro para quem insiste em transformar o movimento pela lei contra a homofobia em palanque: pesquisa revelou que a grande maioria dos brasileiros declara conviver sem qualquer dificuldade com os homossexuais, bem como aceita que eles ocupem qualquer função profissional. Entretanto, a coisa muda de figura quando se trata de legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por esses casais. Ou seja, todos os sinais parecem apontar que é tempo de agir com inteligência e respeito, avançar nas conquistas pela troca de ideias, pelo convencimento pacífico. E que ninguém está a fim de extremismos.

David Beckham se desmanchou em elogios a Neymar e afirmou que, em cinco temporadas, ele será um dos maiores jogadores do mundo. Ou seja, até 2016 teremos praticamente um novo Pelé.

Zé Prativai continua irredutível: “É um peladeiro igual a Robinho, que vai sofrer na Europa porque treme quando sai da Vila Belmiro”. O tempo dirá quem tem razão, até porque, segundo Prativai, Beckham sempre foi um peladeiro enfeitado pelo marketing que deu muita sorte. E Ronaldinho Gaúcho também.

Por falar em futebol, o Flamengo espetacular 5 x 4 Santos foi um jogo memorável, de ataques demolidores e defesas frágeis. Ao final, a crônica esportiva só teve olhos para o belo gol de Neymar. Talvez porque aquele gol de falta de Ronaldinho Gaúcho tenha ultrapassado o limite do absurdo, da simplicidade quase humilhante. O Santos, vestido de empáfia, segue cambaleando na região do rebaixamento depois da sova do Atlético Paranaense.

Da boca do amigo Júlio Maia, Zé Prativai soube que um grupo de mulheres revoltadas com o sucesso da parada gay do Rio de Janeiro não deixou por menos: encomendou uma camiseta onde se lê “Eu também tenho cu”. Isso é o que eu chamo de disputa pau a pau.

De passagem por Salvador, tentei descobrir a origem do nome do Corredor da Vitória, uma via pública importante da cidade. Não encontrei um só filho do Senhor do Bonfim capaz de me dizer algo a respeito. Parece que ninguém ganhou nada ali, não houve vencedores ou vencidos. O nome do lugar deve ser apenas alusão a uma via urbana importante do bairro da Vitória. Ou não.

Não satisfeito em ser um dos cientistas brasileiros de maior visibilidade, parece que Miguel Nicolelis anda se especializando, também, em polêmicas e enfrentamentos que não interessam à ciência. A última confusão despachou do IINN para a UFRN o antigo pupilo Sidarta Ribeiro e outros dez cientistas. Pior para todos, vencidos por uma lamentável guerra de egos.

alarido

“Lula vestido de honoris causa é abacaxi fantasiado de banana.”

(Zé Prativai, filósofo amigo da coluna)

“Agora, já tem um site para se pular a cerca pelo computador. Isso é salto com vara mole.”

(Zé Prativai, impossível)

“Segure firme o pênis e aponte para dentro do vaso; veja se não há cabelo no canal de saída para evitar efeito chafariz; ponha as pernas o mais próximo do vaso, sem o tocar.”

(Instruções coladas na parede do banheiro masculino do Bar Urca, vizinho do Rei Roberto Carlos, no Rio)

“É possível ter prazer anal.”

(Sandy, cantora, em declaração à revista Playboy, provando que anda tomando às escondidas a cerveja Devassa)

“Amy (Winehouse) não passou anos lutando contra álcool e drogas. Lutou a favor. Nunca quis se tratar direito.”

(Ruy Castro, escritor)

“Boa-noite, meu anjo. Durma bem.”

(Mitch Winehouse, ao se despedir da filha Amy no funeral)

“Acho que meu filho deveria ter se suicidado, em vez de matar tantas pessoas.”

(Jens Breivik, pai do terrorista norueguês, ex-diplomata que não via o filho desde 1995)

“Falta Chávez combinar com o câncer seu projeto de poder até 2031.”

(Cláudio Humberto, jornalista)

“Que Deus ilumine o Rio, porque a Light quer que o carioca exploda.”

(Frase anônima que circula no mundo livre da internet)

“Se Dilma quisesse mesmo ‘explodir o PR’, teria nomeado o presidente da Light ministro dos Transportes.”

(Regina Passarelli, cidadã carioca, no jornal O Globo)

“Sempre que Tarso Genro tem uma ideia, convém trancá-lo no banheiro e esperar que passe.”

(Augusto Nunes, jornalista)

“Enquanto isso, suas excelências buscam, nos bastidores, abrigo na concepção flexível de ética e na falta de interesse do ex-presidente Lula em que, uma vez (e se) consolidada a dinâmica da vassoura impiedosa, as comparações de estilo evoluam para a constatação de que o antecessor deixou uma herança para lá de maldita à sucessora.”

(Dora Kramer, jornalista, comentando o escândalo do Ministério dos Transportes)

fiado

Quando for a Salvador, passe longe do hotel Sol Victoria Marina, no Corredor da Vitória. O serviço é preguiçoso, o café da manhã é uma piada, as camareiras usam trio elétrico para conversar e parecem desmontar os quartos ao redor às 6 da manhã, e o resto da desgraça nem esperei pra ver. Fugi alarmado para outro hotel, instalado numa colina do Rio Vermelho e diante do marzão de todos os santos. Onde finalmente pude desfrutar minha própria preguiça.

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