quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Na Record News, Freire defende maior pluralidade na discussão do pré-sal




O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, defendeu, em entrevista ao programa Brasília ao Vivo, da Record News maior pluralidade no comando das comissões que analisarão, a partir desta quarta-feira (16), os projetos do pré-sal. Da oposição, apenas o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) foi escolhido para presidir a comissão que vai tratar do projeto de capitalização da Petrobras. "É necessário dar um sinal para a sociedade de que o pré-sal é de todos; não é desse governo, muito menos de Lula", justificou.

Jardim, ressaltou Freire, é um dos melhores quadros da Câmara. Ele é engenheiro e "vai dar uma grande contribuição não para nós, mas para o Brasil". O parlamentar será presidente da Comissão de Capitalização da Petrobras, que tem o objetivo de garantir que a empresa possa explorar o pré-sal mesmo que não haja atração do capital necessário num primeiro momento, em virtude de o sistema não ser de concessão. "Tem alguma dificuldade e o deputado Arnaldo Jardim tem uma boa compreensão disso. O governo joga a capitalização em cima dos barris futuros do pré-sal; não é uma capitalização efetiva".

Processo

A descoberta do pré-sal, analisou Freire, é resultado de um processo que teve momentos importantes como a mudança do marco regulatório, que possibilitou à empresa a autossuficiência na prospecção do petróleo. O PPS, lembrou ele, é favorável à nova mudança no marco regulatório, "até porque temos outra realidade, que não envolve muitos riscos e podemos adotar o sistema de partilha, ter uma presença maior do Estado".

Freire classificou de "ideológica e eleitoreira" a visão do governo sobre a participação da Petrobras na exploração do pré-sal. Ele acha que houve uma politização excessiva do assunto por parte do governo, ao tentar apressar a discussão e jogar na oposição a pecha de entreguista. "O pré-sal não é para agora; e o mundo experimenta uma grande discussão em torno da matriz energética", observou.

Vendedor

Freire lembrou que o presidente Lula tornou-se um "vendedor" do biodiesel, do etanol, outra matriz energética, contra a matriz do petróleo. "Essa mudança dele é uma mudança de quem não tem muito norte", disse, irônico, à jornalista Cristina Lemos, apresentadora do programa. Por causa da "dádiva do pré-sal, não podemos pensar que ele será o futuro, até porque pode começar a ter um custo muito alto frente a outras alternativas; tudo isso tem de ser pensado e não pode ser a toque de caixa".

O PPS vai dar sua contribuição, garantiu Freire, na Record. "Uma contribuição de quem tem responsabilidade até porque se Lula não sabe, porque vive repetindo ‘nunca antes neste país...’, na oposição estão aqueles que são alguns dos responsáveis, na história do Brasil, para definir que o petróleo é nosso", disse Freire, referindo-se ao PCB, que deu origem ao PPS.

PT e Sarney

Ao responder a uma pergunta de Cristina Lemos sobre a atitude de Lula com o PT na crise do Senado envolvendo José Sarney (PMDB-AP), Freire disse que o presidente agiu mal não só com seu próprio partido, mas com o país. "Em primeiro lugar, ele não deveria intervir no Senado, mas sim ter respeitado a separação dos poderes. Cometeu a irresponsabilidade não apenas de intervir, mas de fazê-lo do lado da imoralidade, de tentar sustentar o insustentável", afirmou.

O PT, analisou Freire, havia adotado uma postura correta para um partido da base do governo, que era a de defender uma licença para Sarney. "Lula mudou isso e não satisfeito desmoralizou seu líder, porque aquilo que ele fez com Aloizio Mercadante (SP) não se faz nem com um inimigo, até porque se deve respeitar a pessoa humana. Ele exerceu um poder sobre Mercadante e o colocou numa posição das mais desgastantes que a política brasileira assistiu nesses últimos tempos". Para Freire, o episódio demonstra que o presidente só se preocupa em manter sua base, a própria popularidade e em ganhar eleições em 2010.

Salário e assistencialismo

Freire elogiou a preocupação do governo com as pessoas com menor renda, por meio da política de ganhos reais no salário mínimo e de políticas compensatórias. "Do ponto de vista emergencial, elas são perfeitamente aceitáveis, mas como bandeira permanente, são de uma funcionalidade conservadora que perpetua a pobreza", ressalvou. Após sete anos de governo Lula, os indicadores sociais do Nordeste, afirmou, não mudaram ou só sofreram modificação vegetativa. "Ele apenas manteve o mesmo status quo".

Freire criticou os maus exemplos do presidente à sociedade, como quando Lula disse que ler jornais lhe dava azia, principalmente em um país com um dos maiores índices de analfabetismo da América Latina. Salientou que a euforia que o governo cria não faz a auto-estima de uma sociedade. "Essa perda de valores, a desmoralização das instituições, a degradação da política não apresenta bom futuro", advertiu. Freire afirmou que espera que em 2010 as pessoas não se omitam porque essa atitude não apontará um bom caminho. Ao contrário.


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