quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Começa o mensalão


Ivar Hartmann

Mensalão, para quem não lembra (?), foi o título dado pelo presidente nacional do PTB para as mensalidades supostamente pagas a políticos aliados de Lula, por José Dirceu, seu braço direito, aproveitando uma extensa rede de corrupção. O objetivo era facilitar a vida do Governo Federal. 
Foi o maior escândalo político brasileiro: pela primeira vez, de forma organizada, com recursos advindos de várias fontes e aproveitando até um banco, administrou-se de forma permanente a entrega de dinheiro pelo Executivo a membros do Legislativo, visando cooptá-los. 
Pela compra! Voto virou mercadoria à disposição, e muitos receberam parcelas mensais (daí o nome) para formar ao lado do Governo. Pelo que ficou apurado no inquérito, a Casa Civil de Dirceu, seria a sede do negócio. Caixa 2 é outra coisa: é dinheiro não contabilizado, doado por empresas que escondem parte dos lucros de forma ilegal e usados secretamente por partidos e políticos. 
Como se vê, ambas as práticas são criminosas, mas, como Caixa 2 é crime menos grave que Mensalão, e é impossível negar os fatos ocorridos, a defesa de muitos denunciados perante o STF vai optar por confessar que seus clientes fizeram Caixa 2. Também já está acertado que o denunciado Delúbio – certamente em troca de presentes inesquecíveis – vai assumir o esquema, enquanto José Dirceu vai posar de inocente. Os primeiros passos do bailado dos réus já foram dados: um dos ministros do Supremo, indicado por Lula, é ex-advogado do PT e homem de confiança do réu Dirceu.
Ao mesmo tempo o ato de desagravo em prol do réu Delúbio, feito a semana passada em Brasília, foi um fiasco porque a militância petista não compareceu. Pura cena. Isso é o que tinha sido acertado: Delúbio aceita a culpa, é o bandidão do filme, ninguém comparece para prestigiá-lo. Dirceu se diz inocente: reúne-se uma massa de manobra e se faz um grande ato público em seu favor. Teatro puro. 
Os réus tentaram prorrogar o julgamento, mas a força da moral do Presidente do STF impediu e os sócios da Companhia criada para acertar a compra e venda de consciências, vão ser julgados por seus crimes. É o maior processo político da História do Brasil e a população vai aguardar os Ministros do Supremo. Não há preocupação: os réus, uma vez condenados, não vão amargar uma cela.
O que está em jogo é as suas reputações e o exemplo para os que lesam o Estado.







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