terça-feira, 31 de maio de 2011

14 anos sem Frei Damião

As celebrações já começaram no Recife, e em João Pessoa, no bairro de Mandacaru, haverá atos religiosos para assinalar os 14 anos da morte de Frei Damião de Bozzano, um capuchinho italiano que fez pregações pelo Nordeste até 1997, quando veio a óbito, na capital pernambucana, no dia 31 de maio. Pio Giannotti, seu nome de batismo, nasceu a cinco de novembro de 1898. Era filho de camponeses e começou a formação religiosa aos doze anos, quando foi estudar num colégio de padres. Aos dezenove anos foi convocado para o exército italiano e participou da Primeira Guerra Mundial. Aos 27, diplomou-se em teologia pela Universidade Gregoriana em Roma e foi docente do Convento de Vila Basílica e do Convento de Massa. Ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923, emigrou do norte da Itália para o Brasil no início da década de 30, fixando-se no Convento de São Félix da Ordem dos Capuchinhos. Fazia peregrinações por cidades, ofertando comunhões, realizando confissões, casamentos e batismos. Apesar de polêmico, por suas posições ortodoxas, era considerado “santo” por muitos nordestinos. Atualmente, está em curso no Vaticano o processo de beatificação. As “missões” de Frei Damião constituíam espécie de cruzadas, que se estendiam por vários dias. Ele falava de um palanque ao ar livre, com alto-falantes encarregados de reproduzir seus sermões. Dizia querer livrar os fiéis do demônio, e chegou a ter sua presença vetada em algumas paróquias. Grupos evangélicos acusavam-no de estimular o fanatismo, incentivando hostilidades e perseguições a religiosos de outras seitas cristãs. Mesmo assim, atraía multidões e foi encarado como um fenômeno de comunicação e de popularidade, somente comparável ao Padre Cícero Romão Batista, de Juazeiro do Norte (Ceará). Ostentava, invariavelmente, um terço e um crucifixo, e tinha como braço direito o Frei Fernando, que organizava as ‘romarias’ em sua direção. Faleceu no Hospital Português, do Recife, e teve seu corpo enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, no Convento São Félix, no bairro do Pina.

Há estátuas e monumentos erigidos em sua homenagem em inúmeras localidades. Em Guarabira, no brejo paraibano, foi inaugurado em 2004 o Memorial Frei Damião, com uma estátua considerada uma das maiores do Brasil. Há um busto do capuchinho na calçada da Igreja Matriz de Catolé do Rocha, e uma estátua em Sousa, no sertão paraibano. Fonte de inspiração para poetas e escritores cordelistas, que relataram supostos milagres, ele enfrentava uma deformação oriunda de problemas de cifose (corcunda), e escoliose, o que lhe dificultava a fala e a respiração. Os últimos anos de sua vida foram muito sofridos. Desde jovem, o frade sofria de insuficiência cardiovascular periférica e erisipela, doenças que se agravaram com o tempo, devido às peregrinações. Por dezenove dias esteve em coma profundo. Recebeu centenas de medalhas e condecorações, além de títulos de cidadania honorária em quase trinta cidades. Bozzano era um vilarejo da cidade de Massarosa, a 460 quilômetros de Roma. A participação na Primeira Guerra Mundial deixou-lhe profundas e amargas recordações, diante da carnificina que presenciou. Ele chegou ao Brasil no navio Cante Rosso, desembarcando no Rio de Janeiro e seguindo, depois, para Recife. Celebrou sua primeira missa em cinco de abril de 1931 na cidade de Gravatá, agreste pernambucano. No início, tinha dificuldade em se comunicar com os fiéis. Utilizou-se de uma linguagem gestual, que logo se desfez ao conhecer melhor a língua portuguesa, conforme narra Regina Coeli Vieira Machado, servidora da Fundação Joaquim Nabuco.



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