Política Edição de quinta-feira, 27 de agosto de 2009

No vermelho, Prefeitura de Taipu "corta na carne" para pagar contas

Endividado pela queda no FPM, gestor toma medida drástica e anuncia demissão de 60 funcionários
Rafael Duarte //

O prefeito de Taipu, Sebastião Andrósio de Melo (PSB), anunciou que vai demitir 60 funcionários que ocupam cargos comissionados no município, entre eles quase todo o secretariado. A exceção é a secretária de finanças e filha dele, Janaína de Melo. Segundo o prefeito, o motivo das demissões é a queda no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) enviado pelo Governo Federal à prefeitura todos os meses, em três parcelas. Todas as gratificações e horas extras também foram cortadas. O município já acumula uma dívida de aproximadamente R$ 500 mil com fornecedores por falta de recursos. "Devemos a fornecedores de alimentos, remédios e combustíveis. Essa prefeitura sempre cumpriu tudo direito, mas nesse cenário de crise não temos condições de arcar com todas as contas", afirmou.

Localizada a 47 quilômetros de Natal, Taipu é uma cidade pequena onde vivem 12 mil habitantes. Segundo o prefeito, cerca de 90% da arrecadação do município vem do FPM. Em julho passado, a prefeitura recebeu R$ 370.329,38. Com os descontos, sobrou R$ 101.741,29 para pagar as despesas com a folha salarial, responsável por 56% do orçamento, e outros débitos. Um secretário recebe, em Taipu, mil reais de salário. O restante dos cargos comissionados ganham entre um salário mínimo e mil reais. Ao todo, a prefeitura possui 500 funcionários entre comissionados e servidores concursados. "Com essa crise mundial, o FPM caiu muito. O município chegou a receber várias parcelas zeradas, não temos condições de continuar desse jeito. Preciso tomar essa atitude corajosa agora para o bem do futuro de Taipu", disse.

Um quadro comparativo entre os três primeiros meses de 2009 e 2008, divulgado pelo prefeito, mostra que a verba do FPM caiu 13%, 22% e 38%, respectivamente. "Para você ter uma ideia, a prefeitura paga R$ 50 mil para a Câmara Municipal todo dia 20, que é a segunda parcela do FPM. O problema é que em julho a prefeitura recebeu apenas R$ 24 mil. Então, como é que eu vou pagar 50 se eu só recebi 24?", questiona.