quarta-feira, 6 de julho de 2011



20h30. Esse é o horário em que os homicídios ocorrem em maior frequencia em Natal. A média foi feita levando em consideração o primeiro semestre deste ano e os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed). Dos 144 crimes desse tipo ocorridos na capital do Rio Grande do Norte, cerca de 10% foram cometidos entre 20h e 21h. Os dados são da recém-criada Subcoordenadoria de Estatística e Análise Criminal (Seac) da Sesed e revelam qual momento o cidadão está mais vulnerável à violência.Para o comandante da Polícia Militar do Estado, Coronel Araújo, os números estão diretamente relacionados ao tráfico de drogas na capital. "A maioria dos homicídios ocorre em consequência de endividamentos com traficantes. O criminoso escolhe o período da noite para acertar as contas porque é mais difícil ele ser reconhecido por possíveis testemunhas. Quase sempre, a vítima é atingida após ação de uma dupla usando moto", afirma.O titular da Delegacia de Homicídios (Dehom) da Polícia Civil, delegado Marcos Vinícius dos Santos, é mais cauteloso na avaliação dos dados. "Uma empresa já fez um levantamento com relação ao horário e dias que ocorrem mais crimes em Natal, mas ainda não nos debruçamos sobre essa pesquisa. Precisamos estudar e analisar com cautela quais as causas e influências que levam aos crimes de morte", diz. Porém, o delegado afirma que geralmente as mortes estão relacionadas ao dinheiro. "Posso dizer que a grande maioria dos assassinatos são por causa de dinheiro. Seja dinheiro do tráfico ou não".Os números da Seac revelam ainda que foram nos fins de semana os dias mais violentos do primeiro semestre. 17,2% dos homicídios aconteceram aos sábados. Esse percentual chega a 19% aos domingos. Por outro lado, com apenas 8,2% dos registros, as quintas-feiras aparecerem como sendo os dias menos violentos.Para Coronel Araújo, a explicação recai novamente sobre o consumo de drogas. Nesse caso, além das drogas consideradas ilícitas, o uso do álcool também é associado à violência. "O número de homicídios aumenta nos fins de semana porque nesses dias o traficante está em casa e há um aumento no consumo de drogas. Há também um aumento no consumo de álcool em festas, bares e restaurantes da cidade", pondera. O ano de 2011 começou violento. Com quase um homicídio por dia, janeiro registou a impressionante marca de 29 assassinatos. Em segundo lugar no "ranking da morte", aparece o mês de abril com 28 crimes com morte. Contabilizando treze homicídios, o mês de março foi considerado tranquilo em relação aos demais cinco meses do primeiro semestre deste ano. "Janeiro é o mês em que acontece muitos acertos de contas. O usuário, por conta das festas de fim de ano, Carnatal, consome uma quantidade maior de droga. Ele deixa uma conta não paga. No mês seguinte, o traficante vai atrás. Se o usuário não tiver dinheiro, paga com a vida", explica Coronel Araújo.A diminuição de casos no terceiro mês do ano, segundo o comandante, deve-se ao fato da polícia estar mais presente nas ruas através da chamada "Operação Verão" e as festividades do carnaval. Se a presença da polícia na rua diminui a quantidade de homicídios, é natural pensar que a solução é simples: colocar policiais nas ruas. Não é bem assim. Coronel Araújo explica que muitos assassinatos ocorrem independente da presença do policial. "Esses crimes, especialmente os de acertos de conta, independem da ostensividade da polícia. É preciso que a polícia judiciária investigue os casos para se achar uma solução", afirma.Marcos Vinícius, da Dehom, explica que o tempo de investigação de um homicídio é muito relativo. "Há casos que resolvemos no mesmo dia, no local do crime. Em contrapartida, outros demoram cerca de um ano e continuam sem solução. Depende muito do local, de como o crime ocorreu".

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